Encontrando outras ruas por outros olhares

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Conhecer outras formas de se ver o que acontece nas ruas é a proposta deste post. Toda última semana do mês é o que você irá encontrar aqui no blog. E espero que se divirta com essa troca de experiência tanto quanto eu me divirto no dia-a-dia. ;)

Para "inaugurar" esse espaço, considerei que valia apena reeditar o primeiro post que veio para esta página virtual. Ele narra o meu encontro com Sarney e, na verdade, mostra o olhar desta ilustre figura sobre uma pequena cidade do interior de Minas, a nossa, praticamente, vizinha Jacutinga.

Tenho muito o que agradecer a Sarney. Na época, vinha pensando sobre um perfil para fazer um blog e quando o encontrei o Nas Ruas da Cidade se desenhou como você o tem acompanhado.

O post foi, originalmente, publicado em janeiro de 2010, dois dias depois da passagem da então ministra Dilma Roussef por Jacutinga. Na época, Dilma ainda não dizia abertamente que seria candidata a presidente, quiçá a própria presidente... mas vamos nessa, conhecer as ruas de barro de Jacutinga.


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Sarney diz que Jacutinga deveria ter semáforo


Sarney participou da cerimônia de inauguração do gasoduto Paulínia-Jacutinga na última sexta-feira, dia 29. Sem bigode e bastante empolgado com o progresso que chega à cidade sulmineira, ele apenas lamentou: “Aqui deveria ter semáforo”.
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- Eu cheguei lá de helicóptero. Vocês já andaram de helicóptero?


- Serve teco-teco?
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Sem ligar para agendamentos, Sarney chegou ao estádio da cidade de Jacutinga, no Sul de Minas Gerais, na manhã da última sexta-feira, dia 29, para participar da inauguração do gasoduto Paulínia-Jacutinga. Concordando com Dilma Roussef, que agendou sua participação no evento, sobre o quanto a extensão do gasoduto Bolívia-Brasil é uma conquista para o progresso da região, Sarney acompanhou um dos repórteres da emissora de tv local até o ponto de embarque de passageiros.

 É claro que quinze jipes e três helicópteros não dariam conta de levar todos os ilustres, cidadãos, repórteres e ilustres cidadãos de Jacutinga que queriam ver com os próprios olhos (se é que vocês me entendem) a pequena bomba de gás plantada em meio aos cafezais. 
 Sarney queria ver tanto quantos os outros e teve a sorte de não ser tão cheinho quanto o amigo da tv: ganhou o último lugar no que, em tese, seria o último helicóptero a percorrer os 13km que separam o pacato centro urbano da complicada rede de tubinhos.
 - Foi assim: sem preparação nenhuma.
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- Quanto tempo daqui até a cidade?

- São só treze quilômetro, mas com esse barro...
- Nossa! De helicóptero parece que é mais rápido. Não deu nem tempo de ligar a câmera. Quando liguei, eu já tava pousando!
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 Ao terminar a cobertura da inauguração do gasoduto, à qual eu e meu amigo e colega de reportagem só conseguimos chegar de carona em um guerreiro fusquinha, corri para encontrar um meio de ir até o centro de Jacutinga, onde estava o nosso carro. Na saída do evento, um rapaz fez sinal de que havia mais dois lugares no jipe que estava para sair.

 Eu e meu enlameado amigo (que deu uma força para o valente fuscão em pontos pouco gentis da estrada do Sapé), pulamos para dentro do veículo. Foi quando descobri Sarney bem ao meu lado.
- Sarney é meu nome artístico.
- E qual é a sua arte? – perguntou do banco da frente do jipe, em tom meio cômico meio surpreso, o fotógrafo da Folha de S. Paulo, Moacir.
 É o paisagismo. Decoração de paredes. Pintura de paisagens. Ele também faz reportagens esportivas para TV Minas, de Jacutinga. Um bico. Jacutinga? Uma cidade que precisa de semáforo. Não que um dia já não tenha tido. Teve sim, ele conta. Doação de um fábrica de bebidas, mas que, com três cores de luzes diferentes, causou uma confusão! O promotor mandou tirar. Só que faz falta, ele diz, porque com o semáforo as pessoas teriam mais respeito no trânsito.
 Respeito? Sim, porque hoje, em Jacutinga, todo mundo tem celular e assiste tv – a mesma tv que vai falar do gasoduto e da presença da Ministra da Casa Civil por meio do relato atento e experiente de Sarney.
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- Qual o seu nome?

- Pra quê?
- Ora! Porque está todo mundo no mesmo carro e conversando... fica estranho não saber o nome de ninguém...
- José Vicente...
- José Vicente.
-Mas... eles também me chamam por aqui de Sarney.
- Sarney?
Também, sem bigode, quem reconheceria?



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 A história do gasoduto é imperdível e os detalhes só quem sabe contar é o Sarney. Então, segue o vídeo com o próprio ;)




Se você quiser conhecer um pouco sobre o trabalho de José Vicente quando incorpora o Sarney, basta procurá-lo no Orkut. Lá, como ele mesmo conta, você vai encontrá-lo em dose dupla. Em uma versão pirata, adepta de comunidades homossexuais (ele diz que não tem nada contra os homossexuais, mas tem certeza de que sua praia é outra), e na versão original: Sarney Pintor.
 Segundo Sarney, se você for ao Restaurante O Caipira em Inconfidentes também poderá ver o trabalho dele estampado em uma das paredes (“Além de comer uma comida baratinha e bem mineira!”).
 Quer saber o porquê do nome Sarney? Eu também. José Vicente disse que a escolha não tem nada a ver com o Senador e foi feita apenas com a intenção de despertar a curiosidade. Ele adota o nome artístico Sarney Marques – o Marques que é do seu próprio sobrenome- e diz que o sucesso é garantido.

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 O que Sarney pensou sobre o gasoduto recém-inaugurado: “Se fizer um furinho lá, já pensou quantos botijões dá para encher?” (Atenção: essa ideia pode levar a uma explosão. Não tente fazer em casa, ok?)

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